Crítica: "O Ultimo Mestre do Ar." (Marcos Vinícius)

O filme que dura 103 minutos, passa a impressão de interminável e ao mesmo tempo simplesmente esquece várias coisas legais do desenho.

Antes mesmo do filme estrear, a polêmica gerada em torno da produção ser ou não racista, pode ser entendida no filme. Se usando a desculpa como pretexto M.Night Shyamalan usa para seus personagens, traços étnicos, roupas com tonalidade diferentes, para que seja aparentemente desnecessário desenvolver os personagens de forma coesa. No filme o vilão é facilmente identificado por seus traços étnicos, cicatriz e roupas ecuras, enquanto os mocinhos se escodem sobre uma aparência sempre intacta e roupas coloridas. Não que isso seja ruim, já que no desenho se é usado os mesmos artifícios, mas no filme os mesmos impedem que os personagens tenham um arco dramático realmente convincente.

O desenho ao longo de seu primeiro livro, com cerca de 20 episódios, teve várias falas, lutas e encontros que foram ignorados e sequer mencionados nesse longa, o que certamente fez com que o filme tivesse um desenvolvimento rápido e confuso. A história de 20 episódeos, não podia ser resumida em 103 minutos com perfeição, mas Shyamalan, fez com que o filme se desenvolvesse através da narração de acontecimentos anteriores, e com uso de confusos flashbacks, que são extremamente confusos, mal usados, e em um certo ponto do filme fica justo com que seja considerado inútil e repetitivo, já que o acontecimento fora narrado minutos antes.

Fica fácil de explicar o humor, que é frequentemente usado no desenho. Afinal o enredo, as referências, lendas e a mitologia usada é para um público um pouco mais velho, e o humor, usado como um desvio de atenção para todo o drama e tensão que cerca a história é usado inteligentemente na série televisiva, atraindo assim crianças e adolescentes. Talvez por isso Shyamalan, resolveu não se arriscar e acabar criando cenas cômicas desnecessárias, sem graça e talvez constrangedoras, fazendo assim com que o humor seja pouco utilizado no longa, tentando talvez equilibrar os valores de drama, ação e o humor. Mas fica claro, que ao tentar usar dessa fórmula, colocar personagens com "cara fechada", é como dar um tiro no próprio pé, já que vai em desencontro no que ajudou a série a crescer, que são os personagens, vilões ou não, extremamente carismáticos.

Um exemplo de que o filme é extremamente apressado e esqueceu alguns de seus pontos que tornaram a primeira temporada divertida; A expressão usada para que o personagem Appa levantasse voo "Ip Ip", não é usada no filme. Momo, um lêmure, mascote de Aang, não garante as cenas cômicas no filme, mesmo sendo ele importante em vários capítulos da série, ele poderia ser facilmente descartado no longa. Bumi, um exímio dominador de terra, que aparece no quinto episódeo da série é esquecido no filme, mesmo ele sendo também importante e junto da terra onde ele reinava ter garantido várias cenas divertidas e até mesmo emocionantes. Nem irei mencionar o fato de que; os dominadores de fogo, não podem gerar seu próprio fogo.

Mas nem tudo está perdido, Shyamalan em algumas cenas, usa alguns fatores marcantes no desenho e outros nem tanto para que o filme ganhe ritmo em certos momentos, fazendo com que em breves momentos o filme flua de forma intuitiva. Além disso, as cenas de luta, são bem trabalhadas, coreografias bem feitas, e efeitos especiais bem usados e muito bem feitos, além de cenários também muito bem trabalhados.

Para finalizar, o filme não é uma bomba de dimensões astronômicas, mas não chega a ser uma boa adaptação. Muitas coisas esquecidas, invesão da fórmula original do desenho, diálogos forçados, flashback dispensáveis e trilha sonora inatuante. Mas o filme se salva, pela beleza de seus cenários, figurinos, poucos minutos de boa fluência e em alguns momentos adaptar de forma homogênia cenas e falas do desenho.